domingo, 1 de novembro de 2009

A pasta.

Guardei em uma pasta as lembranças,
tranquei e nunca mostrei a ninguém,
lá tinha retratos,
lenços,
documentos,
papeis velhos,
velhas histórias para contar,
deixei lá todo o sentimento,
e deixei um recado,
junto com as cartas que escrevi,
pedaços de minhas gravatas,
as lembranças do inverno,
as lágrimas do verão,
deixei lá meu dia,
tranquei minha lua,
do mundo preto e branco,
ao meu mundo colorido,
guardei tudo lá dentro,
deixei tudo por estar,
limpei meus pés,
e meu velho sapato por lá deixei,
a pasta parecia pequena,
mas coube tudo,
e de tudo deixei lá,
meu garfo,
minha colher,
a sopa mal comida,
os remédios que parei na metada,
os analgésicos que acabei,
as febres que passei,
deixei minha unha,
meu cabelo,
meus brinquedos,
meus sentimentos,
meus pesares por tudo que perdi,
meus gritos de vitória,
as coisas que ganhei,
meus cds,
minhas canetas,
meu desejo,
deixei tudo dentro daquela pasta,
guardei meu amor,
meus roteiros de vida que desenhará,
os improvisos,
meus poemas,
deixei por lá as palavras sutis,
o meu comportamente imbecil,
lá deixei toda minha saudade,
e depois nunca mais abri.

abraço e boas vibrações a todos